Será que tecnologia e advocacia combinam? O Direito ainda é uma das áreas mais tradicionais do mercado atual, por isso muitos advogados são relutantes na adoção das tecnologias para facilitar sua rotina de trabalho.
Com base na entrevista de Thales Farias, Co-founder da Start Law, uma lawtech especializada em softwares de gerenciamento jurídico para empresas. Trazemos neste artigo o que são as Lawtechs e Legaltechs e quais oportunidades elas trazem para o mercado jurídico. Escute o bate-papo com o Thales na íntegra no 3MINDCAST abaixo:
O que são Lawtechs e Legaltechs
Primeiro é importante salientar que no Brasil Lawtechs e Legaltechs são statups jurídicas que tem como objetivo facilitar o dia a dia do advogado e acelerar o andamento dos processos jurídicos. Ou seja, são empresas que usam a tecnologia a favor do Direito.
No mercado internacional, por sua vez, existe uma diferença entre as duas áreas, uma vez que as Legaltechs, em tradução livre “tecnologias legais”, são empresas que prestam serviços para os profissionais do mercado jurídico. Já as Lawtechs, em tradução livre “tecnologia da lei”, oferecem serviços jurídicos digitais para o consumidor final.
Neste artigo vamos trazer algumas oportunidades de mercado provenientes da união entre o Direito e as Novas Tecnologias. Começando pela possibilidade, cada vez mais próxima, de um advogado totalmente digital.
Advogado Digital
A principal prerrogativa de startups para o mundo jurídico é que o advogado tem sistema de trabalho arcaico, ou seja, esse é um nicho de mercado pouco explorado. “Temos treze mil startups no Brasil, no mundo jurídico, menos de 1%, no mercado de um milhão e trezentos mil profissionais”, revela Thales.
O especialista acredita que invariavelmente advogados vão ter que se render à automação dos processos e integrar a tecnologia no seu dia a dia. Isso porque o advogado que usa tecnologia vai conseguir entregar um contrato em cinco minutos e o outro que não tem vai demorar, pelo menos, dois ou três dias para entregar o mesmo documento. “Com isso a tecnologia vai ditar a captação de clientes e o livre mercado vai regular essa falha no processo jurídico de maneira natural, afinal, como já dizia Darwin: só os mais fortes sobrevivem”.
Nesse cenário, devido às várias regulamentações da profissão, será que a total digitalização do advogado é possível?
Yuri Mello traz um exemplo interessante: “imagine poder entrar na justiça contra uma companhia aérea que cancelou seu voo ou extraviou sua bagagem em um processo totalmente online, entrando em um site, preenchendo algumas etapas, enviando alguns documentos e realizando um pagamento inicial para que sua ação esteja ajuizada no dia seguinte”. Ainda não existe nada assim no mercado jurídico.
Segundo Thales, a economia brasileira como um todo é bastante atrasada em comparação com o mundo, com exceção setor de commodities. Em alguns países é possível comprar cotas de escritórios de advocacia, assim como você compra uma ação na bolsa e você passa a fazer parte dos lucros daquela empresa como se o escritório fosse uma SA.
Quantas bancas brasileiras ganham milhões por mês, se abrissem um IPO poderiam compartilhar esses lucros com acionistas e investir mais em tecnologia.
Falando em tecnologia, veja a seguir algumas oportunidades de mercado provenientes de tecnologias que já existem para o Direito.
Oportunidades de mercado para Lawtechs e Legaltechs
Segundo Thales hoje já existem várias ferramentas que ajudam no controle e gestão de processos na justiça brasileira, essas ferramentas trazem o andamento do processo de uma forma automatizada, assim como os contratos automatizados e as ferramentas de assinatura digital.
Porém o grande embate entre tecnologia e o Direito é que o mercado jurídico é muito tradicional, e para sair da caixa de como tudo sempre foi feito, o advogado precisa correr riscos, e esse profissional não tem essa característica.
Se você está disposto a arriscar, veja como!
Contratos e documentos automatizados
A maioria dos contratos automatizados tem seleções de opção e de acordo com isso é feito um bloco final. No futuro o objetivo é apenas selecionar o contrato que gostaria de fazer, eliminando o processo de perguntas e respostas e facilitando ainda mais o processo.
“Hoje a ferramenta de automação de contratos que usamos, na Start Law, para um contrato existem cláusulas gerais questão de objeto e afins, entram na programação como variável, em um condicionamento de venda, por exemplo, se ele precisa pedir autorização, na redação daquela cláusula, vai ser preenchida de acordo com essa resposta. Um bloco de até 20 páginas, vai retirando as que não são condizentes, e vai deixar apenas 3 ou 4 páginas para ficar específico para determinada ação”, explica Thales.
Os contratos se repetem, o mais importante é o objetivo do contrato. O pacto faz lei entre as partes, isso é lei até que um órgão julgador do poder judiciário refutar essa ideia. Nesse caso, o juiz vai se apegar ao contexto como um todo e verificar as situações que levaram ao conflito.
Jurimetria
Princípio basilar de Jurimetria, que é um provisionamento de decisões de acordo com algum algoritmo, mas está muito inicial. “O Yuri tem um escritório e fala para o cliente, essa ação judicial, nessa vara cível com esse juiz, a chance dele dar essa decisão de acordo com o retrospecto dele é de x%.
Porém o poder público ainda não está digitalizado de forma organizada para fornecer todas essas informações, por isso a ideia ainda não está sendo totalmente aplicada na prática”, explica o advogado especialista.
Hoje as informações de processos, embora públicas, são divididas por Estado ou região, e isso dificulta o acesso e diminui a qualidade da informação disponível para processos de automação digital como a Jurimetria.
Conteúdo jurídico
Com as novas tecnologias são cada vez mais populares os sites de informação, notícias, legislação e demais organizações de consultoria com atuações na segurança de dados e assessoria jurídica. Eles fazem com que as leis sejam mais acessíveis, não só para profissionais do mercado, mas para o público de maneira geral.
Monitoramento de dados
Facilita o acompanhamento e gerenciamento de informações públicas, como andamentos processuais, documentos cartorários, leis e publicações.
Gestão automatizada
Recursos de gestão de informações para setores jurídicos e escritórios de advocacia.
Inteligência Artificial
Soluções de Inteligência Artificial para o poder público e tribunais. No Brasil, desde 2018 a ferramenta de inteligência artificial VITOR, vem sendo usada pelo Supremo Tribunal Federal.
Cabe ao VICTOR ler todos os recursos extraordinários que sobem para o STF e identificar quais estão vinculados a determinados temas de repercussão geral.
Redes de profissionais
Com as novas tecnologias e a diminuição das fronteiras físicas, o relacionamento entre profissionais do ramo do direito se torna mais simples, possibilitando que empresas e pessoas encontrem advogados em todo o país.
Regtech
Ferramentas utilizadas para resolver problemas provocados pelas exigências de regulamentação.
Taxtech
Plataformas de tecnologia e ferramentas para resolver problemas tributários.
Resolução de conflitos
Plataforma digitais para resolução online de conflitos, uma alternativa ao processo judicial, para mediações como arbitragem, negociação de acordos, entre outros.
Vantagens das Lawtechs e Legaltechs
Apostar nas ferramentas de tecnologias desenvolvidas e disponibilizadas pelas Lawtechs e Legaltechs oferece inúmeras vantagens para os advogados que aderirem à modalidade.
- Aumento da produtividade e gestão eficiente
Como mencionamos anteriormente, com a automação dos processos o advogado consegue fazer em cinco minutos uma tarefa que leva pelo menos dois dias para ser finalizada da maneira tradicional.
- Pesquisa jurídica unificada e maior acesso a lei
Como mostramos no tópico de jurimetria, ao desenvolver uma plataforma única com todas as jurisprudências da legislação brasileira, o processo de pesquisa jurídica será otimizado e facilitado.
- Redução de custos
Com o aumento da produtividade e uma gestão mais eficiente o advogado poderá reduzir custos na sua equipe, pois precisará de menos pessoas para fazer mais coisas.
- Desafogamento do judiciário
Com as informações legais unificadas em um banco de dados único, as decisões do judiciário também serão facilitadas, acelerando o processo e desafogando o departamento de forma geral.
- Qualidade dos serviços prestados
Com acesso facilitado às jurisprudências e uma gestão de tempo mais inteligente o advogado poderá atender melhor aos clientes e terá mais chance de ser bem sucedido nas ações judiciais.
- Captação e fidelização dos clientes
As novas tecnologias também são fundamentais para a captação e manutenção de clientes na advocacia. Entre as ferramentas para melhorar esse processo está o marketing jurídico digital, especialidade da 3MIND, que também já fez um curso online e gratuito para todos os advogados que desejam saber mais sobre o tema.
Ficou com alguma dúvida sobre o que são lawtechs e legaltechs? Deixe seu comentário ou entre em contato com a nossa equipe, será um prazer orientá-lo.
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